A previsão de aumentos de preços de medicamentos acima de dois dígitos traz uma pressão enorme sobre o resultado das instituições de saúde para o ano de 2022. Adotar novas estratégias para minimizar o impacto dos custos na cadeia de suprimentos , via informação e tecnologia são medidas que devem ser tomadas o mais rápido possível por hospitais de diferentes perfis e regiões do país.
Essa foi uma das principais conclusões do CEO Meetup, evento online organizado dia 8 de fevereiro pela SHS Health Tech para promover o compartilhamento de experiências entre CEOs de hospitais e planos de saúde de quatro Estados – Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Essas medidas tornam-se ainda mais urgentes diante do cenário de pandemia, cuja escassez de insumos essenciais impulsionou a alta dos preços em todo mundo.
No Brasil, o reajuste de medicamentos pode chegar a 10%, decisão a ser confirmada dia 31 de março pelo Comitê Técnico-Executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
Soma-se a isso o reajuste da folha salarial de diversas categorias da saúde, que também deve chegar a dois dígitos em alguns estados, como São Paulo.
Além disso, os planos de saúde, principal fonte pagadora de muitas instituições, estão pressionados com custos, com reajuste negativo em 2021 devido ao impacto da pandemia no ano anterior.
Entretanto, no transcorrer de 2021, os planos tiveram uma sinistralidade relevante, que leva a previsão de reajustes de 15% para 2022. Esse contexto pressiona o fluxo de caixa das operadoras e consequentemente terá impacto nas negociações de reajustes das tabelas com as instituições de saúde.
Assim, está montado o cenário para deixar qualquer CEO hospitalar bastante preocupado, em busca de alternativas para manter as contas em dia, sem que o atendimento seja afetado e livre de crises de estoque.
O que fazer?
Um dos caminhos é recorrer de forma intensiva à análise de dados internos e de mercado, com auxílio da tecnologia e inteligência artificial em operações em que ela ainda é pouco adotada – como a da estratégia da cadeia de suprimentos, negociação e abastecimento.
A conclusão dos líderes presentes não vale só para o mercado brasileiro. Artigo publicado em janeiro na edição online da renomada Harvard Business Review chega à mesma conclusão: aponta que, mesmo antes da pandemia, em 2018, cada hospital norte-americano gastou em média US$ 11,9 milhões em suprimentos médicos e cirúrgicos, o equivalente a um terço das despesas operacionais totais de alguns deles.
A boa notícia é que instituições que adotaram a transformação digital ao longo de toda cadeia de suprimentos reduziram os custos do processo em 50% e aumentaram a receita em 20%.
“Devido à pandemia de covid-19, melhorar a agilidade e a resiliência à demanda e aos choques do lado da oferta tornou-se crítico. Os gerentes de hospitais estão cada vez mais em busca de maneiras de aproveitar os dados e a tecnologia para obter insights sobre estoque, preços, prazos de entrega e tendências de demanda”, afirma o texto, assinado pelas especialistas Song-Hee Kim e Hummy Song.
CEOs atentos
Os participantes do CEO Meetup estão atentos para a necessidade de acelerar a transformação digital com expansão do uso da tecnologia e análise inteligente de dados para setores institucionais em que eles ainda não são aplicados intensamente.
A troca de experiências foi rica e profunda. Muito se discutiu no encontro sobre a importância de se ampliar a negociação e colaboração com os fornecedores, de maneira que os laços se estreitem, encontrando preços e oportunidades mais convidativos, com monitoramento em tempo real. Dessa maneira, o impacto das oscilações de cenário é bastante reduzido e garante ganhos para ambos os lados.
Como pano de fundo, para inspirar as discussões estratégicas, a SHS disponibilizou um exercício sobre o impacto dos diferentes níveis de reajuste da CMED numa cesta de produtos, que representa a curva A da maioria dos hospitais. Várias análises estratégicas possíveis foram discutidas. Por fim, na avaliação dos CEOs, é justamente a otimização da cadeia, por meio do mapeamento de novas oportunidades, composição de produtos e aprimoramento da relação entre fabricante, fornecedor e hospital, que trará benefício a todos.
E a tecnologia deve intermediar toda essa troca.
Tecnologia e relacionamento
Quando bem utilizada, a tecnologia estreita e melhora as relações, sejam elas pessoais, profissionais ou comerciais. Verificamos que nas instituições representadas no evento, a primeira etapa de transformação já estava resolvida: a digitalização da operação que agiliza os processos.
Mas isso não basta, há que se evoluir no processo de transformação digital. Afinal, a tecnologia não é fim e sim meio para gerar dados que dêem segurança na tomada de decisão. Isso torna a resolução de problemas mais imediata, possibilita a formação de um banco de dados e, por consequência, um melhor conhecimento das necessidades comuns entre compradores, distribuidores e indústria.
Por isso, aqui na SHS Health Tech a base de nosso trabalho é a inteligência artificial. Dessa maneira, mapeamos constantemente os diferentes cenários econômicos para identificarmos as melhores oportunidades de negócios. Assim, a aquisição de suprimentos não é feita de maneira pontual e isolada.
Além disso, trabalhamos somente com fornecedores especialmente selecionados, que entendem o novo modelo e que também gerenciam de maneira inteligente sua inserção no mercado. Fortalecidos os laços, as relações deixam de ser esporádicas e a possibilidade de negociação aumenta. Todos ganham.